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Para uma Fortaleza mais gentil

Os obstáculos que tornam difícil a convivência urbana, prejudicam a saúde e atrapalham a mobilidade dos cidadãos, como a poluição sonora e visual, o lixo e o calor, podem ser reduzidos com o respeito às árvores e ao espaço público. Felizmente, mesmo com todos esses aspectos, o fortalezense não deixa de ocupar as ruas.

Entre o barulho e o escapamento dos carros, motos, ônibus, em meio à sujeira e à poluição, o ambiente urbano é lembrado como um lugar desagradável, onde os moradores precisam disputar espaço com o lixo nas calçadas, o trânsito nas ruas, árvores, postes, placas… Porém, com medidas simples de respeito ao espaço público e ao meio ambiente, é possível mudar esta perspectiva e, de quebra, conseguir temperaturas mais amenas, áreas de sombra mais amplas, calçadas mais transitáveis e ar mais puro. Quem não gostaria de viver em uma cidade que tivesse todas essas qualidades?

Das providências que podem ser tomadas para atingir estes objetivos, a ampliação da arborização urbana contribui para todos eles e mais alguns. Segundo o projeto de política ambiental de Fortaleza elaborado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), a arborização urbana compreende “qualquer tipo de árvore, de porte arbóreo, ou em formação, existente em logradouros públicos ou em propriedades privadas”.

As árvores servem de abrigo e alimento para a avifauna, contribuem com a diversidade biológica, amenizam a poluição sonora, diminuem a velocidade dos ventos, ajudam na absorção de carbono e consequente amenização da poluição do ar e ainda têm uso paisagístico, embelezando a cidade. Todo este potencial das árvores está apontado no manual de arborização elaborado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) juntamente com a Seuma e a Coordenadoria de Políticas Ambientais (CPA).

Além de tudo isso, uma arborização adequada também aumenta a área de sombra e a absorção de parte dos raios solares, benefícios que favorecem ciclistas, pedestres e até mesmo motoristas das grandes cidades. De acordo com o arquiteto urbanista José Otávio Braga, no entanto, a arborização de Fortaleza ainda é insuficiente. “Se você pegar o recomendado pela ONU, de 12m² por habitante, Fortaleza passa longe. Existe uma certa cobertura vegetal na cidade, mas a tendência parece ser a de separá-la cada vez mais da área de convívio humano restringindo-a a parques e locais de proteção”, afirma.

Irregularidades

Além do pequeno número de árvores existentes em áreas de convivência, o arquiteto também aponta que a PMF parece buscar somente os números para tentar se adequar às taxas, sem considerar a qualidade do ambiente construído e no efeito das ilhas de calor para a percepção térmica dos cidadãos. Segundo ele, “há muito, dentro da PMF, a ideia da política de compensação como remédio para todos os crimes ambientais. ‘Vou tirar aqui 200 árvores de 20m e plantar 3000 mudas em um local já bem arborizado’. Como assim? Os efeitos da ilha de calor, a exposição à radiação vão continuar sendo naquele local, ele vai continuar prejudicado, as pessoas que circulam para lá vão continuar prejudicadas. Não podemos achar que tudo pode ser modificado e compensado depois”, alerta.

Otávio, que também é ativista do grupo Direitos Urbanos Fortaleza, coloca ainda que são comuns podas de árvores feitas de formas inapropriadas por órgãos públicos. “Não bastassem as podas criminosas da Coelce que depenam as árvores completamente (e há relatos de que a empresa ganha por quilo de poda, o que em nada contribui com o sombreamento urbano)”, alega, “as obras da Prefeitura não respeitam sequer o próprio planejamento dos órgãos internos da mesma.

A supressão das árvores do binário Santos Dumont – Dom Luís não seguiu as recomendações corretas para transplantio da Seuma que indica que, de forma padrão, a árvore deve ser deixada em adaptação por um mês com a vala escavada antes de ser removida. Por isso, várias árvores morreram e a promessa de replantá-las (seja onde for) não se cumpriu”, conclui o arquiteto.

Falta de bom senso

Mas não são somente os órgãos públicos os responsáveis pela má condição das árvores de Fortaleza e de sua escassez. José Otávio Braga também denuncia a falta de bom senso de empresas e de indivíduos. “Uma academia na Avenida Washington Soares cortou um baobá (um baobá, das árvores mais belas, frondosas e raras) que pode ter sido plantado pelo José de Alencar, para aumentar em duas vagas o enorme estacionamento. Tudo é motivo para tirar uma árvore: dá cupim, o ladrão sobe, traz bicho…”, elenca.

O projeto de política ambiental elaborado pela Seuma estabelece que se evite ao máximo a supressão de vegetação por corte, devendo ocorrer preferencialmente o procedimento de transplante de árvores. Além disso, recomenda que seja priorizado o plantio de espécies nativas, o que também não ocorre segundo o urbanista. “Muitos prédios das últimas décadas plantaram vários pés de Nim Indiano, uma árvore invasora que espanta os insetos, além de outras invasoras mais conhecidas (mas que colaboram mais com a arborização e sombreamento) como as castanholeiras. A arborização nativa de Fortaleza está cada vez mais restrita e difícil de encontrar”, ressalta o ativista.

O resultado de todas estas irregularidades é sentido, literalmente, na pele de quem utiliza as ruas de Fortaleza. “Quando volto a pé quase não suo porque venho procurando os caminhos mais arborizados, mas tem vezes que só tem a sombra do muro encostado”, afirma o arquiteto.

Poluição visual

A falta de bom senso também se estende à poluição visual. Em toda a cidade, é comum observar, afixados às árvores, tapumes, pregos, cartazes, placas, tabuletas, pinturas, impressos e cordas, prática proibida pelo projeto de política ambiental da Seuma, que também indica não ser permitida a colocação, mesmo que temporária, de objetos ou mercadorias para quaisquer fins. Os moradores de Fortaleza, acostumados a conviver com diversos obstáculos que atrapalham o caminho, não se surpreendem quando se deparam com os anúncios espalhados, não somente em árvores, mas também em calçadas, muros, postes e canteiros.

A poluição visual pode ser definida como o conjunto de efeitos danosos resultantes dos impactos visuais causados por determinadas ações e atividades que prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criam condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetam desfavoravelmente a biota e afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. Ela se caracteriza pelo excesso de elementos ligados à comunicação visual (como cartazes, anúncios, propagandas, banners, totens, placas etc.) dispostos em ambientes urbanos, especialmente em centros comerciais/shopping centers e de serviços.

Baseado na lei de Combate à Poluição Visual (Lei 8221/98), que proíbe qualquer tipo de anúncio em postes, árvores e logradouros públicos, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), realiza fiscalizações semanais em vários pontos da capital, com o objetivo de remover as irregularidades.

Segundo a Seuma, as principais “causadoras” de poluição visual são as imobiliárias. Atualmente temos em anúncios de vendas de casas e terrenos como as principais irregularidades. “Estamos empenhados nesta ação. Algumas imobiliárias já até nos procuraram para receberem maiores informações e solicitaram a nossa colaboração a fim de que pudéssemos esclarecer síndicos e proprietários sobre a legislação”, disse Maria Luíza Távora, coordenadora da Comissão de Combate à Poluição Visual da Seuma. Para denunciar qualquer poluição visual, ligue para o Fala Fortaleza: 0800.285.0880.

[Slide show de fotos da poluição visual de fortaleza]

Legenda: Lixo e objetos diversos são afixados às árvores e postes ou dispostos nas calçadas e canteiros, prática que pode comprometer as plantas e atrapalhar a utilização das vias.

Informação que melhora a cidade

José Otávio lastima que a desinformação tenha grande contribuição para que a população se torne resistente a ações benéficas para a cidade e, consequentemente, para ela mesma, como o plantio de árvores. “O comerciante não quer pôr árvore porque bloqueia a vista da fachada, da placa; o morador não quer pôr porque o ladrão sobe”. A informação sobre as vantagens destas ações, assim como a quebra de estigmas e preconceitos são parte importante do processo de humanização do espaço urbano, portanto.

O convencimento junto às construtoras é outra batalha a ser travada. “O arquiteto precisa ter muita lábia e pegar um cliente já de cabeça mais aberta para aceitar que árvores sejam colocadas e espaço seja cedido ao ambiente público. Sem contar das vezes que o projeto contempla árvores, mas na hora de executar é esquecido, afinal já foi aprovado mesmo”, lamenta o urbanista.

Entre as saídas viáveis para estimular o plantio de árvores, a elaboração de leis que concedam benefícios fiscais a quem agir no intuito de aumentar a arborização da cidade pode contribuir para a mudança da paisagem urbana. Segundo Otávio, é prática comum em cidades europeias a concessão de reduções nos impostos sobre propriedades para os edifícios que tenham telhados ou fachadas verdes. “Existe, inclusive, um estudo da Universidade de Cardiff que avaliou como seria o impacto da colocação de telhados verdes em cidades. Brasília teria uma redução de nove graus na temperatura média se todas as coberturas fossem verdes, por exemplo. A colocação de fachadas verdes também contribui com a fauna, pois a cidade se torna cheia de corredores ecológicos em que bichos possam se locomover, principalmente abelhas, tão necessárias para a agricultura e arborização”.

Em São Paulo, o Movimento 90º, que se denomina “um negócio social que tem como causa o aumento de área verde em grandes metrópoles através da instalação de jardins verticais em fachadas com impacto na paisagem urbana”, já busca contribuir para temperaturas mais amenas, o aumento da umidade e a diminuição da poluição do ar – tudo a partir do incentivo ao uso de cobertura vegetal sobre as paredes. Também há, em Fortaleza, grupos como o Direitos Urbanos e o Movimento Pró-Árvore que lutam por uma cidade mais saudável.

[Fotos: prédios com paredes e cobertas verdes]

Resistindo ao descaso

A mobilidade urbana e a harmonia entre os cidadãos e a cidade são ainda mais dificultados devido às medidas urbanísticas. A priorização de viadutos e binários, em detrimento das áreas de convivência pública e espaços verdes, além do esquecimento da colocação de passarelas, ciclovias e faixas de pedestre, figuram como um importante fator de desocupação das ruas.

Além desta, outra razão relevante vem estampando capas de jornais quase todos os dias. A cidade tem vivido já há alguns anos o crescimento desenfreado da violência. De acordo com o mapa da criminalidade montado em julho deste ano pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, ficamos abaixo apenas de Maceió no ordenamento das capitais por taxas de homicídio, com 5,2 assassinatos por dia.

Quanto aos assaltos, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará, somente a ônibus, entre janeiro e julho de 2014, foram registrados 1.149. Quem não possui seu carro próprio caminha com medo, quem possui – ainda que tenha um pouco mais de segurança – precisa subir os vidros.

Apesar de tudo, alguns lugares da Terra da Luz prosseguem como locais de resistência das áreas verdes e do convívio humano, conseguindo tirar as pessoas de casa para apreciar o que pode ser feito ao ar livre e recebendo quem estiver disposto a reocupar o que lhes pertence por direito. Alguns novos, outros com bastante história, mas todos com a importante missão de reunir seus habitantes nas praças, nos parques, ao ar livre e com tranquilidade. A seguir, listamos alguns deles:

Passeio Público

Por muitos abandonado pelo poder público, o Passeio Público hoje é recanto de famílias, ciclistas e artistas da cidade. Créditos: Esdras Beleza

A praça, que já foi chamada de Campo de Pólvora, Largo de Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital de Caridade, Praça da Misericórdia e Praça dos Mártires, é um dos equipamentos culturais mais simbólicos de Fortaleza. Em meados de 2000 foi abandonada pelo poder público, exibindo por alguns anos postes quebrados e sem luz, bancos vandalizados e deteriorados, jardins com plantas mortas e muita sujeira. Também deu lugar a insegurança e virou recanto para o mercado do sexo, sendo habitado, sobretudo, por prostitutas e pessoas que buscavam este tipo de serviço.

No entanto, em 2007, a Prefeitura de Fortaleza investiu cerca de R$800 mil na revitalização do lugar, reinaugurando-o com a ajuda da Casa Cor e a presença de um quiosque contemporâneo, com serviços de café e almoço. Fortaleza abraçou a ação com gosto e mudou o perfil do público frequentador do local, que hoje recebe artistas, famílias e grupos de amigos todos os dias da semana, mas principalmente aos domingos.

Para a jornalista Patrícia Borges o espaço é um dos mais agradáveis da cidade. “A comida do restaurante é maravilhosa e sempre tem boa música. Há, também, as lindas árvores que deixam o ambiente bastante ventilado. Costumo ir no horário do almoço e com frequência está lotado, o que faz com que eu me sinta segura e esqueça da questão da violência. Queria muito outros lugares assim na cidade”, conta.

Calçadão da Praia de Iracema e Estoril

A partir de 2011, o Estoril voltou a receber diversos eventos e exposições, dentre eles a Feira da Música e o Festival de Biografias. Créditos: Rede Brasil

Nos anos 1980, o Cais Bar abrigava boa parte dos intelectuais de Fortaleza em noites regadas a cerveja e muita arte. À sua frente, um calçadão cheio de gente se estendia, trazendo movimento à noite fortalezense. “Aquela área se tratava de um grande cordão de restaurantes, vendedores de artesanato, famílias que levavam crianças com bicicletas e patins. Esse movimento emendava com um outro lado, onde era possível adentrar o Estoril e mais uma série de outros bares com boa música. Havia lançamentos de discos, de livros, leitura de poesias. Um espaço cheio de transeuntes, onde se entrava em contato com muita gente”, lembra o psiquiatra Carlos Magno, sobre o espaço que passara por uma ampla reforma nos anos 1990, tornando-se um dos principais pontos turísticos da cidade.

Mas essa fase de ouro também teve seu fim. Com o aumento da violência e falta de investimento no espaço, os comércios ao redor foram aos poucos encerrando suas atividades, dando lugar ao abandono e à prostituição. A promessa municipal era de uma restauração no calçadão e recuperação do Estoril. Esta, veio em 2008 e foi finalizada apenas em 2010, mas sem investimento em sua programação.

Somente a partir do final do ano de 2011 o espaço passou a receber eventos mais uma vez, como a Feira da Música, a Casa do Blues, o Festival de Biografias e diversos projetos que incentivam a produção artística local de maneira gratuita. Para Louise Félix, estudante de Artes Visuais, as iniciativas funcionam como uma injeção na autoestima. “Fico esperançosa quanto ao meu futuro profissional quando vejo minha cidade investindo em arte. Não só no Estoril, que tem ajudado a divulgar o que produzimos, mas em locais como o Porto Iracema das Artes, que também nos capacita. Precisamos deste tipo de ação na nossa cidade, é bom ver as coisas acontecendo”, explica.

Parque do Riacho Maceió

Parque Riacho Maceió: O espaço é tomado, todas as noites, por crianças e adultos. Jogam bola, andam de patins ou sentam apenas para conversar. Foto: Iara Sá

A partir de uma Operação Urbana Consorciada (OUC) entre o Município, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e a Nordeste Participação e Empreendimento (Norpar), Fortaleza inaugurou no dia 1º de Agosto de 2014 uma nova praça. Com 22 mil metros de extensão, fica entre a rua Tereza Kinzo e a Avenida Beira Mar. É bastante arborizada e ainda conta com mesas que possuem tabuleiros de xadrez. O investimento foi de R$7 milhões e leva o nome de Otacílio Teixeira Lima Neto, reconhecido arquiteto e urbanista da terra.

Para Joana Maia, estudante de design da Universidade Federal do Ceará, o local é, sobretudo, mais uma oportunidade para reunir os amigos. “Sempre venho em turma para fazer piquenique ou só para deitar na grama e conversar. Trazemos violão e fazemos a festa aqui mesmo. Além disso, estamos perto da praia. Ainda dá para dar uma caminhada na areia depois”, comemora.

Atravessando a rua do Parque do Riacho Maceió, temos o calçadão da Beira Mar de Fortaleza que, além de tradicional ponto turístico, milhares de pessoas optam pelo lugar para a prática de exercícios físicos todos os dias. Seja caminhando, correnco, andando de bicicleta ou patins, as pessoas aproveitam o clima agradável favorecido pelo mar para a execução de suas atividades. É um dos muitos espaços públicos da cidade onde há sempre um grande movimento.

Praça do Ferreira

A praça, que tem 81 anos de idade, já passou por muitas transformações e ainda é parada obrigatória para muitos fortalezenses. Créditos: Otávio Ferreira

Mesmo já tendo mudado de nome cinco vezes e sofrido várias reformas ao longo de seus 81 anos, a praça localizada no Centro e conhecida como “O coração de Fortaleza” carrega, em cada metro quadrado, uma identidade muito forte, que acaba por ser imagem e semelhança de cada fortalezense. Por dia, milhares de pessoas passam pelo local. São jovens como os do “Mercado da Boa Notícia”, que entregam papéis com mensagens positivas mesmo ao sol quente. Artistas como o peruano Michel. Performáticos como o homem que finge, por horas, sentar em uma cadeira invisível – todo pintado de prata.

Uma dessas pessoas, até pouco tempo, era dona Niná. Com 75 anos e uma vista prejudicada que não lhe permite mais sair sozinha de casa, ela sente falta dos bancos de madeira todos os dias. “Até uns cinco anos atrás eu ia com bastante frequência ao Centro tomar um caldo de cana no Leão do Sul e papear na Praça do Ferreira. Tinha um grupo de amigas que se reunia lá sempre às 16 horas. Era revigorante. Sinto muita saudade”, revela.

Avaliação do Ciber Debates

Confesso que meu primeiro contato com o tema foi de estranhamento. Não conseguia entender exatamente o peso da expressão “economia da atenção”. Depois dos debates em sala e pesquisas que precederam o evento, consegui elucidar que se tratava de toda a prática que se dá em torno da tentativa de cativar um cliente. Trata-se, então, do esforço para parecer diferente em um mundo de repetições, “encheções de saco” e “forçassões de barra”. Como se destacar? Como ser o peixe que brilha e chama atenção em um mar tão imenso? Perguntas muito difíceis.

Durante o evento, me desdobrei entre adquirir tudo que podia da fala dos  debatedores Mael Costa e Adriano Meireles e registrar em fotografia o evento. A falta de público foi uma problemática, pois as fotos acabavam registrando as lacunas entre as cadeiras, então tivemos que saber disfarçar. Mas acabou dando tudo certo. Iara levou o computador e eu trouxe o cabo da máquina, dessa forma conseguimos ter agilidade em passar as fotos e publicá-las. Particularmente, acho que fizemos um bom trabalho.

+ Pontos positivos do evento

– A ausência do Michel, apesar de surgir como um imprevisto muito chato, acabou
fazendo com que os dois participantes fizessem um bate-bola mais rápido, trazendo
mais dinamicidade ao evento.

– Os dois profissionais, apesar de atuarem na mesma área, tem experiências de vida
muito distintas, o que só enriqueceu o debate também. Adriano tem uma formação
acadêmica sólida e trazia exemplos que estavam perto do que estudou e hoje utiliza
em sua carreira. Já Mael, abandonou a faculdade no 6º semestre e se balizava pelo
que aprendeu “na marra”, “dando a cara a tapa”. Acredito que todo profissional precisa
ter um pouco dessas duas vivências, então é bom para nós ter contato com os dois lados.

– Nosso professor mostrou que é preparado pra qualquer eventualidade e subiu
ao palco super tranquilo, falando muito bem. Sem slide e sem preparação prévia,
contextualizou o tema de maneira segura, fazendo até com que se tornasse mais
fácil para os outros convidados discursarem. Quem sabe faz ao vivo!

– Graças a paciência da Natália Évila de cobrar, ir atrás e se dedicar a fazer as
camisas, todos nós estávamos devidamente uniformizados. Não faltou pra ninguém,
mesmo que uma ou duas pessoas tenham deixado de pagar. A arte da blusa ficou muito
bonita também.

– As matérias feitas para o blog do Labjor ficaram muito bem escritas.

– As pessoas que estavam presentes no evento participaram,
não ficou nenhum vácuo na hora do “alguém tem uma pergunta?”,
o que mostra que o debate estava estigante

– Os vídeos da turma da Alessandra ficaram hilários, muito bem pensados e produzidos.

+ Pontos negativos / Sugestões

– As festas/apresentações da cadeira de eventos sempre acontecem no final do 2º semestre, categoricamente. Para a turma do próximo ano, sugiro que entrem em contato com as pessoas que estão fazendo essa disciplina e chequem os dias, para tentar evitar que aconteça o que aconteceu conosco: ter Tropicália/comida de graça no Celina e evento acadêmico na biblioteca no mesmo dia. Infelizmente, dentro da universidade essa competição é desleal e o ciber acaba perdendo a visibilidade que merece ter, por mais que a turma da divulgação se esforce.

– É importante também, ao combinar o dia do ciber na biblioteca ou em algum auditório,
checar se não há nenhum evento marcado para o mesmo dia, em horário perto. No nosso aconteceu o imprevisto de chocar horários e tivemos que acabar o debate de maneira aperriada, com participantes ainda querendo perguntar mas sem tempo. Sinto que acabamos o evento antes que ele realmente tivesse acabado, o que é uma pena.

+ O que levei:

O vídeo das pessoas assistindo propagandas e não lembrando exatamente do que elas se tratavam, assumindo que não lembravam de nenhum jingle recente ou nenhum outdoor para citar,
me fez refletir sobre a descartabilidade da publicidade nos últimos tempos. Com a ajuda do Eduardo, do Mael e do Adriano, creio que tivemos ainda mais certeza que só sobrevive nesse mar de peixes tão iguais se formos – mais do que nunca – criativos, cativantes e ao mesmo tempo respeitosos. É preciso que o cliente sinta que a empresa se importa e faz muita questão do investimento dele. Como o Mael bem citou, “ninguém usa mais Monange só porque a
Xuxa diz que usa”. Caso alguém ainda vá usar esse creme, será porque a empresa
lhe convenceu de maneira delicada e marcante que você realmente o merece.

Pesquisa: Economia da Atenção

economiadaatencao

Os novos diálogos na era da economia da atenção

“Há uma enorme diversidade de formas de diálogo na rede hoje: múltiplas oportunidades de utilização, centenas de canais na televisão, milhares de revistas nas bancas, milhões de blogs na Internet, e o consumo simultâneo das mídias. Esse caos do excesso de informação conduz a um cenário de incertezas em que permanece a questão: como chamar a atenção para uma mensagem se os modelos estão quebrados?

Conquistar a atenção das pessoas é tão importante que se tornou um modelo de economia e, consequentemente, muitas empresas precisaram mudar a forma como operavam seus departamentos de comunicação e marketing e repensar nas maneiras de dialogar, questionando-se sobre como criar um diálogo mais direto e definir os arquétipos de uma clientela tão plural em identidades.

(…)

O conteúdo corporativo não pode mais ser simplesmente replicado na Internet. Ele deve ter uma linguagem própria, estruturada de acordo com a audiência e que seja capaz de promover efetivamente o diálogo. Como no caso da Lego, que usou um discurso eficiente e adaptado ao seu auditório e ganhou notoriedade. O menino Luka Apps, de 7 anos, havia economizado para comprar um kit de bonecos, perdeu um deles num passeio ao shopping e foi orientado pelo pai a escrever para a fabricante de brinquedos. Considerando a fantasia correspondente a sua idade, a resposta que lhe foi enviada fugiu completamente dos padrões dos diálogos institucionais. Primeiramente, porque a pessoa que lhe escreve diz ter consultado um dos “líderes” da coleção de bonecos para saber se poderia enviar outro, uma vez que o gerente de atendimento ao cliente não poderia fazê-lo, já que a responsabilidade era do menino. E o “líder”, além de consentir, dá uma série de conselhos de conduta para Luka. Depois, porque o diálogo envolveu uma pessoa do outro lado de Luka, o “Richard”, representando um departamento, e não por um “Departamento”. Essa história já rodou o mundo, e a Lego conquistou respeito pela sua atitude. ”

Link: http://bit.ly/1A8TVS0

Como a Economia da Atenção pode te fazer rico

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“Eu posso pensar em 3 oportunidades no mundo de atenção escassa. Uma para empregadores perceberem que o que eles realmente querem de seus empregados não é tempo, mas atenção. Uma hora de trabalho altamente focado pode ser superior a um dia inteiro de distraído e sem foca de trabalho. No futuro, “gastar a atenção da companhia” (por enviar emails sem sentido ou outras bobagens) pode ser mais adequando que “gastar o tempo da companhia”.

A segunda oportunidade é para novas start-ups. Antes, nós tínhamos aparelhos para poupar tempo, hoje, pode haver mercado para produtos que poupem atenção. Alguns já existem. Gaste algumas horas agendando tuítes em seu aplicativo e você pode esquecer do Twitter Marketing pelo resto da semana. Ao se inscrever para negócios baseados em mensalidade, você nunca mais precisará se lembrar de comprar meias ou barbeadores de novo.

Esses dois produtos automatizam tarefas recorrentes: provavelmente há melhores poupadores de atenção. Aqui vai um: delegar a responsabilidade de solução de problemas de baixo nível para computadores. Talvez no futuro sua máquina de lavar terá um monitor que sabe qual componente irá acabar em breve e fará o pedido automaticamente antes que todo o sistema pare. Talvez seu site terá um framework para testes A/B que automaticamente cria e testa diferentes versões do site sem você ter trabalho algum.

Mas, o que você faz quando o monitor de sua lavadora quebrar? Esse é outro problema que precisa de seu foco. O que você realmente precisa é lidar automaticamente com qualquer pequeno problema que surja. Um assistente virtual no estilo do Tim Ferris é uma solução – uma pessoa na Índia que lida com todos os problemas de baixo nível que aparece na sua caixa de entrada para você, de modo que você não precise se preocupar com eles. Talvez uma versão futura do Siri (software inteligente presente nos produtos recentes da Apple) poderia fazer o mesmo trabalho. Se tais Inteligências artificias existissem, eu também esperaria vê-las nas grandes empresas, lidando com o dilúvio de dados: primeiro, apenas dando conselhos; mais tarde, com poder de decisão.

A terceira oportunidade é programa de gerenciamento de atenção, um análogo aos programas de gerenciamento de tempo. RescueTime pode rastrear quando você gasta muito tempo no facebook. Ele não pode rastrear quando você lê um email raivoso de seu chefe, te deixando incapaz de se concentrar no trabalho pelas próximas horas. Se eu conseguisse imaginar como um produto desse iria funcionar, eu o construiria.”

Link: http://bit.ly/1ywAsc2

Atenção versus Opinião

“Uma das mudanças na direção da atenção com relação aos serviços da geração anterior é a forma como os dados são captados.

Serviços como o Digg, que dependem de votos, e também serviços que dependem de engajamento ativo como comentários, retweets, links e outros dados captados ativamente, acabam tendo menos velocidade para identificar os pontos de atenção das pessoas – o que inviabiliza sua competição com os players que trabalham em real-time.

Os novos serviços (como o migre.me ou o bit.ly) captam passivamente dados de tempo real, que depois podem ser agregados e comparados com todo o conjunto, gerando um mapa de onde um conjunto de pessoas está olhando em um determinado momento. Um exemplo é o migre.me, que representa no Brasil uma imagem do está passando pelos olhos da Twittosfera (e da blogosfera em menor grau). A diferença é que estes serviços medem unicamente a atenção e não a opinião dos usuários. Mas será que a opinião é tão importante?”

Link: http://bit.ly/1zGfoSi

Fortaleza sobre duas rodas e sem motor

A ciclofaixa de lazer inaugurada no último dia 21 de setembro é uma nova opção de passeio para fortalezenses e incentiva as pessoas a ocuparem as ruas

Reportagem: Iara Sá e Marília Ceres

Mesmo com seus quase 74km de ciclovias, Fortaleza ainda clama por mais espaços específicos para as bicicletas. Sua extensão ainda é tímida na frente dos 300km do Rio de Janeiro e aos 127km de Curitiba. Mas a boa notícia para quem gosta de pedalar é que agora, aos domingos, é possível contar com mais 10km de ampliação. A Ciclofaixa de Lazer, inaugurada no último dia 21, liga o Parque do Cocó ao Passeio Público, passando por pontos turísticos como a Beira Mar e o Mercado Central.

ciclofaixa

Mapa da Ciclofaixa de Lazer de Fortalez

A iniciativa é da prefeitura da cidade, mas nem sempre foi assim. Em agosto de 2013, um coletivo chamado Massa Crítica Fortaleza pintou ciclofaixas improvisadas em duas ruas de capital: Canuto de Aguiar e Ana Bilhar. Na época, foram prontamente apagadas pela Autarquia Municipal de Trânsito (AMC). Após duas insistências, as delimitações acabaram sendo oficializadas pela gestão de Roberto Cláudio. Ao mesmo tempo que foi aclamada pelos ciclotativistas, a nova faixa gerou revolta por parte de alguns moradores da região. “Essas ruas são muito pequenas para a inserção de uma ciclofaixa.  Tornou-se impossível dois carros passarem ao mesmo tempo, e hoje temos que lidar com um engarrafamento que antes não existia”, explica a empresária Janne Félix.

Já para Davi Maia, fotógrafo, a criação desse tipo de espaço facilita que mais pessoas optem por outros tipos de modais, fazendo com que menos carros estejam nas ruas e o tráfego diminua. “Isso vale para os outros meios de transporte também. É preciso investir na melhoria do transporte público. Mais vias expressas e mais viadutos só vão abrir espaço para mais carros”.

Carlos Sawaki, designer, é uma dos que resolveram deixar as quatro rodas de lado e optar pela bicicleta como meio de transporte. Prezando pela questão do exercício físico e da sustentabilidade, ele acredita que a criação da ciclofaixa de lazer é uma atitude que deve ser parabenizada: “É uma ação bacana, pois dá visibilidade aos ciclistas. Aos poucos mais e mais pessoas vão enxergar que esse é o veículo do futuro e que a mobilidade urbana só tende a piorar com o aumento de automóveis”.

Falta de conscientização

Ainda em um processo de aceitação, a estrutura, que  não é usada apenas por quem anda de bicicleta, mas também por quem opta pelo skate ou patins como meio de transporte, acaba se tornando um pouco perigosa devido a falta de conscientização dos motoristas. Como conta Ricardo Esteves, estudante que utiliza o skate para o lazer e para se locomover ao trabalho todos os dias. “Eu estava andando na ciclofaixa da Santos Dumont – que é recente – veio uma moto e eu levei uma queda para não ser atropelado”, relata. “É bem comum ver moto na ciclofaixa, apesar de não ser correto. Não tão comum é o carro, mas você ainda vê”.

Além do desrespeito, os obstáculos nas ciclovias ainda são muito presentes. Placas, relógios e até ambulantes são comuns na ciclovia da Bezerra de Menezes. A avenida, que hoje passa por reforma para a criação de um corredor de ônibus, também teve várias árvores arrancadas. Até agora, 37 já foram retiradas e mais 94  serão até a conclusão da obra.

O meio ambiente em segundo plano

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Arvores sendo retiradas da avenida Dom Luis. [creditos: arquivo O Povo]

A questão ambiental tem muito a ver com a mobilidade de um lugar, principalmente em uma cidade como Fortaleza, onde os termômetros marcam cerca de 27 graus por quase todo o ano. “As árvores têm uma grande influência no conforto ambiental não só para o ciclista, mas para os pedestres também. Elas causam uma sensação térmica mais agradável tornando o trajeto mais confortável”, pontua Tiago Bezerra, estudante de Arquitetura e Urbanismo. Infelizmente, nos últimos 6 meses, cerca de 202 árvores foram arrancadas nos canteiros das avenidas Santos Dumont e Dom Luís para a construção de um binário.

Tiago ainda pontua que o uso do carro deve ser direcionado para o lazer e longos trajetos, pois as ruas não comportam o número de carros que têm atualmente. “Nós vivemos em uma realidade onde os automóveis particulares são a prioridade do planejamento urbano, o que vai de encontro as cidades mais desenvolvidas do mundo, representando, se não um retrocesso, pelo menos um atraso gigantesco no planejamento urbano”, conclui.

Confira galeria de fotos no Slide.ly.

Linha do tempo: as garotas do Haim!

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HAIM é uma banda feminina formada por Este, Alana e Danielle. As irmãs de vinte e poucos anos representam o típico estilo californiano e levam isso para o som que produzem: misturando pop, folk e influências de rock indie. Em 2013, foram donas do topo da lista “Sound of the year”.

Não conhece? Confere a linha do tempo no Dipity: http://bit.ly/1udp2Z3

Televisão e violência entram em debate na Semana de Comunicação da Unifor

Foto: Thais Mesquita/Blog do Labjor

Foto: Thais Mesquita/Blog do Labjor

Ausente já há alguns anos, a Semana de Comunicação da Unifor finalmente retornou ao
calendário acadêmico dos cursos de Publicidade e Jornalismo da instituição. No
segundo dia de palestras e oficinas, 19/8, os alunos tiveram a oportunidade de participar de um debate polêmico: “Ligar para a imprensa, para a polícia ou postar no Facebook?”. Para compôr a mesa foram convidados os jornalistas Marcos Lima, apresentador do programa Rota 22, e Denis Barbosa, repórter dos programas Cidade 190 e Cidade Alerta Ceará. A mediação ficou por conta do estudante Mike Lucas, um dos responsáveis pela organização do evento. Durante a conversa, foi explanada a construção de um programa policial, a influência das redes sociais nesse processo e a intensa guerra pela atenção do espectador.

A conversa teve início com uma fala de Marcos Lima sobre a atuação da internet nos entremeios dos programas policialescos e da importância desse canal de comunicação. “Estamos conversando sobre redes sociais aqui, nesse espaço, pois a imprensa não tem feito seu papel, que é o de dar voz a comunidade”, criticou. O apresentador alertou os estudantes presentes a nunca esquecerem do
compromisso que a mídia mantem com a população, mas explicou: “A internet é uma
mão de duas vias e ajuda na ampliação e na abrangência da cobertura de notícias. Lá, é possível dar e receber informações. Até porque, é impossível que a televisão comunique tudo que as pessoas precisem saber”. Denis acrescentou que o fato das pessoas poderem publicar vídeos e fotos sem necessariamente mostrarem seus rostos, muito ajuda na propagação de notícias nesse espaço. “Hoje as pessoas podem publicar o que querem, com a sua própria linguagem, não precisam mais esperar pela grande imprensa”. Para o repórter, no entanto, isso não se apresenta de maneira negativa. “É uma parceria”, conta.

Durante a discussão, também se foi tocado no tema preconceito. Os debatedores afirmaram  que as classes sociais mais elevadas não assumem consumir esse tipo de programação por ser considerada de “baixo nível cultural”, mas que, no final, há mais telespectadores do que se imagina. Quanto a necessidade de mostrar os corpos das vítimas, Marcos Lima afirmou não concordar. “Creio que isso é uma escandalização. No entanto, não sou dono do programa”. O apresentador ainda contou que apesar de muito se reclamar desse tipo de abordagem, caso ela fosse tirada, a audiência cairia bastante. “Uma grande parcela da população faz questão de assistir cenas de tragédia, chega a reclamar se não mostrarmos”.

A conclusão do evento foi balizada na ideia de que o jornalismo deve estar a serviço da comunidade. Porém, com mais descaso que o poder público tem tratado a população, cada vez mais programas assim irão ao ar. “Minha pretensão é mudar os programas policiais para programas sociais”, finalizou Marcos.

Arte por todos os lados

Por ser uma instituição sem fins lucrativos, a Universidade de Fortaleza tem como uma das missões valorizar o trabalho de artistas visuais locais de maneira gratuita. Seus alunos, então, tem a oportunidade de caminhar pelo campus e admirar diversas obras, seja dentro do museu ou apenas andando antes de alguma aula.

Confira essa galeria no Slide.ly: http://bit.ly/1yIAXDH

“Nada será como antes”: um texto sobre o surgimento das buscas virtuais

Você consegue lembrar do mundo antes das buscas virtuais? Como procurávamos uma receita, a letra de uma música, o diagnóstico de alguma dor, a resposta para todas as perguntas sem resposta? Hoje temos a impressão de que já nascemos com o Google nos auxiliando, mas a verdade é que tudo isso começou há pouco tempo, aproximadamente 14 anos atrás. O segundo episódio da série “A verdadeira história da internet” nos leva até a raíz dessa história.

Tudo começou na Universidade de Stanford quando Jerry Young e David Filo foram “abandonados à própria sorte” por seu professor na época, que decidiu tirar “um ano sabático”. Viciados em esporte, decidiram tentar revirar – sozinhos – vários sites para encontrar online uma maneira sutil de ganhar o campeonato de basquete  universitário. “David vasculhou milhares de endereços para conseguir os dados do jogo da noite anterior”, lembra o companheiro. “Ele queria saber, a partir das técnicas  do time vencedor, se deveríamos trocar algum jogador ou mudar alguém de posição”. Enquanto isso, o time adversário apenas lia os jornais do dia seguinte.

A dupla conseguiu o tão esperado êxito na competição e então surgiu a ideia: por que não fazer um diretório com todos os links legais da world wide web e assim auxiliar a todos os “virgens” de internet? Na época, eram só categorias e subcategorias que permitiam ao usuário buscar o que lhe interessava de maneira, digamos, mais simples. Tudo era compilado manualmente pela dupla, que passou a se dedicar integralmente a isso. Começava então o Yahoo. Com o rápido crescimento do projeto, apareceram as propostas de anunciantes publicitários. E com elas, o dinheiro através da internet surgiu pela primeira vez.

Como tudo que dá certo ganha rivais, em pouco tempo surgiu a “Excite”, plataforma semelhante, porém um pouco mais sofisticada e moderna. Estava aberta a concorrência.

Não demorou muito até que o Google aparecesse. Das cabeças de Larry Page e Sergey Brin, um site finalmente começou a seguir a seguinte lógica: se um endereço aparece muitas vezes em diferentes lugares e recebe muitas visitas, isso quer dizer que ele é importante para aquelas pessoas, faz sucesso. Até que os investidores captassem a ideia, levou um certo tempo. Mas os geeks sonhavam em ter uma plataforma que ganhasse o mundo, por isso esperaram.

Foi então que Bill Gross, nome influente no marketing, apresentou-lhes a ideia que poderia salvar seu negócio: com palavras chaves jogadas na página de busca, a publicidade baseada naqueles endereços apareceria. Seria uma espécie de propaganda personalizada para cada pessoa. Na época, a dupla não pareceu se importar muito com o incentivo. Depois, acataram a ideia sem nenhum crédito ao dono.

Hoje, com Google Maps, Google Books, Google Earth, Google Docs, Gmail, Google Library e a própria plataforma de busca, a empresa supera marcas como a Coca-Cola, BMW e Wal-Mart e segue crescendo. O Yahoo, por sua vez, ainda existe, mas estagnou, perdendo muito de seu público ao “terceiro-mas-não-menos-importante” a aparecer. 

 

Ficha Técnica:

Documentário “A verdadeira história da internet”, 2º capítulo

Exibição: Discovery Channel